Excelência da gestão: o desafio das MPEs

1375124384_industryAtualmente responsáveis por 20% do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro e por 54% dos empregos formais, as MPEs dependem de sua capacidade de estruturar uma gestão eficaz e competir no mercado para reagir às transformações globais e garantir sua perenidade

Para manterem-se atualizadas e aproveitar as oportunidades que o mercado oferece, quase que diariamente, as micro e pequenas empresas (MPE) enfrentam o desafio de adotar atividades inovadoras, suprir as necessidades dos clientes, reter talentos, implementar processos e melhorar sua competitividade. Mas nenhuma ação isolada é suficiente para o sucesso da gestão, se a organização não internalizar a cultura da busca pela excelência.

Como forma de sensibilizar e incentivar esse processo, a Fundação Nacional da Qualidade (FNQ) dissemina o Modelo de Excelência da Gestão® (MEG), que tem como base os fundamentos e critérios de excelência. Com a adoção do Modelo, as empresas passam a ter uma visão sistêmica da sua gestão, por meio da análise e implementação constante de oito critérios (Liderança, Estratégias e Planos, Clientes, Sociedade, Informações e Conhecimento, Pessoas, Processos e Resultados). Para trazer esses conceitos à realidade das MPEs, a instituição promove, periodicamente, a atualização e adaptação de tais critérios para auxiliar organizações de todos os setores a percorrer esse caminho.

Mais do que apresentar conceitos de alinhamento e estruturação dos componentes da gestão, o uso do Modelo possibilita às MPEs o exercício da autoavaliação e a implantação de um programa de busca pela excelência, o que aumenta a competitividade da empresa, melhora o clima organizacional, eleva o desempenho financeiro e, principalmente, estabelece uma sistemática eficiente de gestão dos seus clientes. Além disso, as MPEs alinhadas aos critérios e fundamentos de excelência tornam-se mais bem preparadas para superar os desafios e se adaptar às mudanças complexas que afetam o mundo corporativo.

De acordo com um estudo feito pela consultoria Mckinsey e replicado no Brasil pela Omni Marketing, a pedido da Fundação Nacional da Qualidade (FNQ), os negócios e a gestão das organizações devem ser impactados, nos próximos anos, por cinco forças globais de transformações.

Consideradas as maiores tensões e oportunidades para inovações, tais forças contemplam o crescimento de mercados emergentes; as alterações demográficas, a sociedade e a produtividade do trabalho; o fluxo global de produtos, informações e capital; as mudanças climáticas e a sustentabilidade; além do crescimento do papel dos governos nas economias e na sustentabilidade ambiental e social.

Diante desse cenário de incertezas e constantes transformações globais, estruturar a gestão da empresa e se antecipar a essas mudanças passa a ser primordial para que as MPEs tenham visão de futuro e saibam identificar seus pontos fortes e oportunidades de melhoria, de forma a melhorarem a administração do negócio e se tornarem mais competitivas.

Gerir bem o negócio é, enfim, essencial à sobrevivência das empresas. E, cada vez mais, as MPEs estão conscientes e preocupadas em buscar a excelência da gestão o que se reflete na ampla participação dos micro e pequenos empresários no MPE Brasil – Prêmio de Competitividade para Micro e Pequenas Empresas, realizado pelo SEBRAE, Movimento Brasil Competitivo (MBC), Gerdau e Fundação Nacional da Qualidade (FNQ) e que em 2012 bateu recorde de inscrições com quase 80 mil inscritas espalhadas por todo o país e mais de 38 mil autoavaliações preenchidas. Esse aumento mostra que mais de 38 mil empresas receberam um relatório diagnóstico da gestão da sua empresa com pontos fortes e oportunidades de melhoria, tornando-se assim mais capazes de implantar ações eficientes e eficazes, que possam gerar retorno ao negócio e valor para a sociedade.

Atualmente responsáveis por 20% do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro e por 54% dos empregos formais, as MPEs dependem de sua capacidade de estruturar uma gestão eficaz e competir no mercado para reagir às transformações globais e garantir sua perenidade. Levando isso em conta, a FNQ acredita no potencial dessas organizações para o crescimento econômico do País e aposta na adoção de práticas sistêmicas de gestão das micro e pequenas empresas para ampliar a competitividade e proporcionar mais chances de sucesso.

Jairo Martins18 de setembro de 2013

Entenda as mudanças pretendidas pelo governo para criar o Simples universal

1380915835_21O governo pretende universalizar o Simples Nacional e adotar a classificação pelo porte da empresa, e não pela atividade, para permitir seu ingresso no regime unificado de tributos. O ministro da Secretaria da Micro e Pequena Empresa, Guilherme Afif Domingos, espera que a medida seja aprovada até o fim do ano pelo Congresso Nacional. Em até 12 meses, Afif ainda pretende colocar em prática um processo único para abertura e encerramento de empresas.

As propostas foram apresentadas pelo ministro ontem, em São Paulo, durante audiência pública para discutir o Projeto de Lei Complementar 237/12. O evento se repetirá em Belo Horizonte (dia 7) e termina dia 10 em Brasília, quando o deputado federal Cláudio Puty (PT) pretende apresentar o substitutivo do projeto com as sugestões.Afif denominou as propostas como “ações transformadoras”. “Pensar simples é um mantra, uma obsessão que temos que levar daqui para frente”, disse. O ministro dividiu as propostas em três linhas de atuação.

A primeira inclui o fim da substituição tributária para empresas no regime, a unificação de obrigações como FGTS e Caged, a facilitação da abertura e fechamento de empresas por meio de uma rede unificada, a Redesim, e o modelo simplificado de tributação para todas as categorias de empreendedores com faturamento anual de até R$ 3,6 milhões.

Essa última proposta, se aprovada, vai impactar no cotidiano de empresários como André Fernandes, que há 15 anos administra uma consultoria na área de alimentos em Jundiaí, cidade do interior paulista. Com faturamento anual entre R$ 250 mil e R$ 350 mil, a MV Engenharia mantém um portfólio de clientes de peso, como Pepsico e Nestlé. Um negócio que, segundo Fernandes, “segue bem, mas poderia estar melhor”. “Fico pensando: ‘meu faturamento cabe no Simples tranquilamente’. Mas por ser uma empresa de consultoria, não posso aderir ao sistema. Se fosse diferente, isso representaria uma economia importante e isso traria reflexos para a empresa”, destaca o empresário.

Na ponta do lápis, Fernandes calcula que uma possível migração do Lucro Presumido, seu sistema atual, para o Simples Nacional traria uma economia entre R$ 30 mil a R$ 50 mil por ano. Isso, ele diz, levando em conta a queda da carga tributária e os custos operacionais gerados pela contabilidade, que no Lucro Presumido demandam um volume maior de processos e mão de obra. “Isso daria condição de contratar de um a dois funcionários para melhorar o atendimento e ampliar a empresa”, destaca Fernandes, que tem três empregados fixos.

Complemento. Afif também apresentou propostas para eliminar algumas exigências para facilitar a participação das micro e pequenas empresas em licitações. Na terceira linha de atuação, o ministro estuda maneiras para fazer dos pequenos empreendimentos a porta de entrada dos jovens no mercado de trabalho por meio do programa Jovem Aprendiz.

A proposta que deve enfrentar mais resistência é a que encerrar a substituição tributária. No regime, o pagamento do ICMS é antecipado no início da cadeia produtiva e o cálculo é feito em cima de uma base presumida de preço final, o que torna os desembolsos maiores.

CONHEÇA AS PROPOSTAS DA SECRETARIA DA MICRO E PEQUENA EMPRESA

Universalização
Ampliar categorias que podem ser incluídas no Simples Nacional, assim, corretores e advogados, por exemplo, poderão ser beneficiados.

Unificação
Unificar obrigações como o FGTS, Caged e Rais.

Substituição Tributária
Fim da substituição para empresas optantes do Simples. O regime faz com que as empresas paguem alíquota maior.

Certidões
Eliminar exigências para participação em licitações e exigir uma certidão: a da Previdência Social.

Abertura de empresa
Facilitar a abertura e fechamento de negócios por meio da integração de sistemas e um cadastro digital unificado, a Redesim.

Jovem Aprendiz
Incluir as micro e pequenas empresas na Lei do Jovem Aprendiz como estímulo e não obrigação.

 

RENATO JAKITAS E GISELE TAMAMAR, ESTADÃO PME

13 dicas para equilibrar o seu fluxo de caixa

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Recebo e-mails e mensagens o tempo todo com pedidos de dicas e planilhas de controle financeiro. Uso a minha planilha há mais de dez anos e disponibilizo sempre que me pedem. Nunca perdi o controle das contas embora tenha ficado sem dinheiro algumas vezes, mas isso faz parte do processo de aprendizado até a gente criar juízo ou vergonha!

Dessa forma, elaborei 13 dicas para ajudar aqueles que, no mínimo, precisam repensar a sua situação atual, reorganizar as finanças e equilibrar o seu fluxo de caixa.

Espero que você não precise disso e faça parte daquele feliz contingente de 8% de brasileiros que não tem dívidas, mas, em todo caso, aqui estão elas:

1) Mapeie suas dívidas: empréstimos, cartão de crédito, etc. para renegociar uma por uma, sem dó nem piedade; banco existe pra isso, deixe de ser orgulhoso; depois, reduza radicalmente suas despesas ao máximo que puder;

2) Avalie cada compra. Regrinha básica:

  • a) preciso disso?
  • b) posso comprar?
  • c) se não posso, vou ter dinheiro quando o cartão chegar?

Vontade é uma coisa que dá e passa, acredite em mim.

3) Empréstimo? Só em caso de vida ou morte, de preferência em vida porque em caso de morte você vai gastar de qualquer jeito.

4) Priorize: quando necessário, planeje cada compra, gasto ou desembolso.

5) Pechinche: peça desconto até ficar vermelho de vergonha, revise a conta telefônica, torre a paciência da Sanepar, da Copel, da TIM, da Vivo, do Banco, da NET e assim por diante.

6) Crie uma perspectiva: procure chegar ao fim do mês com menos compromissos do que a sua renda é capaz de comportar; não vá na onda do governo que manda você gastar e depois não ajuda a pagar a conta.

7) Aumente sua renda com trabalhos extras; a web é uma excelente fonte de receita.

8) Elimine o limite do banco; se você não eliminar, será eliminado por ele; tudo o que banco quer é quer você se enterre no cheque especial, pois a é a segunda maior fonte de receita.

9) Tenha apenas um ou dois cartões, se possível, um; se você não tem a disciplina que eu tenho, de pagar tudo no vencimento, você está ferrado.

10) Faça um plano de previdência ou uma poupança automática; quando você poupa, o cérebro incorpora um novo modelo mental positivo e você não vai mais querer parar.

11) Leia OS SEGREDOS DA MENTE MILIONÁRIA / T. Harv Eker.

12) Leia O HOMEM MAIS RICO DA BABILÔNIA / George Clason.

13) Por fim, leia EMPREENDEDORISMO PARA JOVENS, escrito em parceria com o meu amigo Iussef Zaiden Filho. Garanto que você vai pensar a respeito.

Lembre-se: com dinheiro no bolso você é bonito, inteligente e sabe até cantar (provérbio íidiche). Sem dinheiro no bolso, você não pode nem pedir a conta da empresa onde você ganha mal, pois a rescisão vai durar somente até encontrar um próximo emprego. E o pior, não dá nem para começar um novo negócio.

Pense nisso e empreenda mais e melhor!

Jerônimo Mendes28 de setembro de 2013

Especial é o seu bolso, não o cheque

1380567732_check“Você não fica rico com o que ganha; fica rico com o que poupa.” (Yoshio Teresawa)

Crédito de cheque especial lembra visita de parentes distantes. Eles chegam quase sem avisar para um único final de semana. Como bom anfitrião, você os recebe e os acolhe. Então, eles vão ficando, testando sua hospitalidade, invadindo sua privacidade e desafiando sua paciência.

Quando abrimos conta corrente em um banco, somos impingidos a contratar o produto “cheque especial”. De fato, esta é apenas uma das metas impostas pela área comercial dos bancos ao gerente que o atende.

Solícito, você assina o contrato – em branco, como a maioria dos documentos assinados junto às instituições financeiras –, permitindo a implantação de um limite de crédito. Sem perceber, você acaba de autorizar a instituição a lhe cobrar tarifas periódicas para manutenção deste cheque especial.

Mas o problema surge quando você começa a utilizar, por necessidade ou impulso, o crédito que lhe foi concedido, Quando percebe, está tomando o limite integralmente, como se fosse parte de sua renda. A partir deste momento você incorpora à sua planilha de gastos mensais uma despesa com os juros.

As taxas de juros no cheque especial chegam a atingir o despropósito de até 15% ao mês, o equivalente a 435% ao ano. Um garrote financeiro quando comparado às taxas de inflação em tempos de economia estável, à Selic (a taxa básica de juros da Economia) e ao rendimento da caderneta de poupança.

Se você é correntista de algum banco, com certeza tem o cheque especial como convidado de suas finanças pessoais. Assim, é provável que esteja enquadrado em uma das situações ilustradas a seguir.

1. Você não utiliza o cheque especial

Neste caso, sua única providência deve ser negociar com o gerente o estorno das tarifas de manutenção do cheque especial cobradas periodicamente ou já embutidas naquele “pacote de tarifas” que é levado a débito em sua conta todos os meses. Aproveite-se de seu poder de barganha para obter até mesmo a isenção da cobrança deste pacote de tarifas sob pena de solicitar o cancelamento do cheque especial ou o encerramento de sua conta, com a transferência de seus negócios para um banco concorrente.

2. Você utiliza o cheque especial e está com ele sob controle

Nesta situação, o produto tem utilidade para você. Seu objetivo deve ser reduzir a taxa de juros cobrada. A regra de ouro consiste em negociar uma redução expressiva da taxa em troca da compra de outros produtos resgatáveis do banco, tais como títulos de capitalização e previdência privada. Fazendo isso, você estará convertendo um débito em investimento. Acompanhe o exemplo real abaixo.

Um cliente apresentava, em determinado banco, limite de R$ 5.000,00 à taxa de 8,90% ao mês. Ou seja, o desembolso mensal com juros, supondo utilização integral do limite, era da ordem de R$ 445,00.

Fizemos uma proposta ao banco: adquirir todo mês R$ 150,00 em títulos de capitalização mediante redução da taxa de juros para 3%. Os argumentos apresentados foram:

a)  O banco continua vendendo o produto cheque especial, com uma taxa de 3% ao mês (42,58% ao ano), muito acima da taxa Selic;

b)  O banco passa a ter outro produto, “título de capitalização”, vendido mensalmente, num sistema pré-programado;

c)  A compra do título de capitalização é uma garantia para o próprio banco, pois supondo um resgate após 24 meses, já haverá R$ 3.600,00 brutos entesourados (guardados do banco), ou seja, 72% do risco do cheque especial.

Os argumentos acima foram suficientes para obter a redução desejada. O correntista, por sua vez, auferiu um ganho significativo. Considerando-se que o valor investido em capitalização será resgatado em apenas 80% (cerca de um quinto do valor investido em títulos de capitalização compõe a chamada reserva matemática, destinada à premiação, administração e lucro), a economia obtida baseia-se no seguinte raciocínio:

Juros sobre limite utilizado de R$ 5.000,00 com taxa de 3% ao mês 150,00
Reserva matemática de 20%, não resgatável, sobre a capitalização de R$ 150,00 30,00
Custo total mensal 180,00

Em outras palavras, o dispêndio mensal caiu de R$ 445,00 para R$ 180,00, isto é, 60% de redução!

3. Você utiliza o cheque especial e já perdeu o controle sobre ele

Esta é uma das situações mais recorrentes e que mais afetam psicologicamente as pessoas. Como se não bastasse a elevada taxa de juros, o correntista está sempre com seu saldo devedor acima do crédito aprovado. Além de correr o risco de ter cheques devolvidos, paga tarifa adicional por exceder a este limite. Nesta condição, restam-lhe dois caminhos:

a)  Cancelar o cheque especial, parcelando o saldo devedor. Como você está frágil dentro desta negociação, terá que lutar muito para conseguir uma taxa razoável, na casa dos 3% mensais. Sobre a operação de crédito incidirá, ainda, o Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) e o Imposto sobre Operações de Crédito (IOC), dependendo da legislação vigente na ocasião, elevando o custo efetivo. Contudo, esse é um expediente mais adequado do que continuar na ciranda dos juros;

b)  Acionar judicialmente o banco, questionando a legalidade dos juros cobrados, invocando a prática de anatocismo (capitalização de juros, ou seja, cobrança de juros sobre juros). Trata-se de um processo que pode levar anos para ser julgado. Dependendo do valor do débito, você poderá recorrer a um juizado de pequenas causas, dispensando a necessidade de contratação de um advogado para representá-lo. O risco ao longo deste processo é ter seu nome incluído nos órgãos de proteção ao crédito (SCPC, Serasa) o que pode ser evitado mediante obtenção de uma liminar.

Tal como aquele parente distante do início do texto, seja severo com o fantasma do cheque especial, pois especial deve ser você!

Tom Coelho13 de abril de 2013

Burocracia tributária cria nova divergência

1380568048_JudgeO setor privado brasileiro a Receita Federal  e o Congresso Nacional jogam, um para outro, a responsabilidade sobre a complexa legislação tributária e o excesso de burocracia. Enquanto os empresários culpam o fisco pela confusão no entendimento das regras, este culpa o Congresso por não ser mais claro em suas decisões, que por sua vez atribui a responsabilidade à Receita. “Também detestamos a burocracia. Nossa função é de administrar as regras tributárias que o Congresso decide”, disse ontem o coordenador-geral e subsecretário de Fiscalização Substituto da Receita, Iágaro Jung Martins, durante seminário sobre burocracia tributária na sede da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp). Contudo, o deputado Sandro Mabel (PMDB/GO), ao defender a casa, afirmou que o Congresso, “na verdade, melhora o que a Receita envia” de novas normas.

Do lado das empresas, além de enfrentar problemas com a complexidade das regras, há também um custo crescente para lidar com a legislação. Segundo a gerente de planejamento e contencioso tributário da Siemens, Sandra Juliana de Oliveira, a resistência dos estados em mudar o ICMS impossibilita uma reforma tributária. Mas o tributo não é o único problema. “O manual do PIS e da Cofins no site da Receita tem 1.334 páginas, sendo 24 páginas só de índice, e isso é só para dois impostos”, criticou. “Na Alemanha precisam de apenas quatro pessoas para fazer a mesma coisa que 40 fazem no Brasil”, diz.
Segundo o Departamento de Competitividade e Tecnologia (Decomtec) da Fiesp, em média, a indústria de transformação gastou 1,16% do faturamento em 2012 para pagar impostos. “Proporcionalmente, as que mais gastaram foram as pequenas, com R$ 6 bilhões de despesas em 2012, o que pesa mais do que os R$ 13,57 bilhões das grandes”, disse o diretor do departamento, José Roriz Coelho.
Divergência entre Receita e Congresso afeta setor privado

Há uma grave divergência entre setor privado brasileiro, Receita Federal e o Congresso Nacional no que diz respeito à legislação e à burocracia tributárias. Enquanto os empresários culpam o fisco pela confusão no entendimento das regras, este culpa o Congresso por não ser mais claro em suas decisões, que por sua vez coloca a responsabilidade na Receita.
Essa situação foi exposta ontem durante seminário sobre o tema realizado pela Federal das Indústrias do estado de São Paulo (Fiesp). Após reclamações de especialistas de tributação que atuam em grandes empresas, presentes no evento, os representantes do fisco tentaram mostrar que também são contra o sistema tributário atual e quem decide sobre a legislação é o Congresso.
“Também detestamos [Receita] a burocracia. Nossa função é administrar as regras tributárias que o Congresso decide”, disse o coordenador geral e subsecretário de Fiscalização Substituto da Receita, Iágaro Jung Martins.
Contudo, o deputado Sandro Mabel (PMDB/GO), ao defender sua casa, afirmou que o Congresso, “na verdade, melhora o que a Receita envia” de novas normas. “O Congresso decide o que é democraticamente imposto [pelo fisco]”, brincou, causando comoção da plateia.
Em seguida, ele elogiou a atuação da Receita, ao dizer que houve uma evolução nos últimos anos pela eficiência na arrecadação e por deixar de avaliar o contribuinte como “ladrão” (sonegador). “O problema ainda está na simplificação tributária”, acrescentou o deputado federal.
Para o ex-presidente do Sindicato das Empresas de Serviços Contábeis e de Assessoramento no Estado de São Paulo (Sescon-SP), apesar da evolução digital para o recolhimento dos impostos, originado pelo Sistema Público de Escrituração Digital (Sped), não houve simplificação. “O eSocial [digitalização da folha de pagamento] apenas junta em um único documento todas os documentos trabalhistas, não os elimina”, criticou.
O subsecretário de Arrecadação e Atendimento da Receita, Carlos Roberto Occaso, explicou que há uma tendência para simplificação das normas tributária, questão essa pedida pelo próprio secretário da Receita, Carlos Alberto Barreto. “Para as empresas optantes pelo Lucro Presumido vamos eliminar a necessidade de preencher o Dacon [Demonstrativo de Apuração de Contribuições Sociais]”, exemplificou.
Na opinião do sócio da LCA Consultores, Bernard Appy, a solução para resolver essa divergência e confusão com relação às regras tributárias é realizar uma ampla reforma.

Setor privado
Segundo a gerente de Planejamento e Contencioso Tributário da Siemens, Sandra Juliana de Oliveira, o fato da reforma tributária ter dificuldades para ser concluída é devido o Imposto sobre a Circulação de Bens e Mercadorias (ICMS), por ser gerido diferentemente em cada estado. Porém, para ela, os tributos mais trabalhosos são a Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social (Cofins) e o Programa de Integração Social (PIS).
“O manual do PIS e da Cofins no site da Receita tem 1.334 páginas, sendo 24 páginas só de índice, e isso é só para dois impostos. Além disso, são tributos geridos por um único órgão, o governo federal. Não por 27 como o ICMS. Não consigo entender porque existem 313 normas e como por 94 vezes um técnico da Receita formula uma instrução normativa para apenas dois tributos”, criticou durante sua palestra.
Somado a esse fato, Sandra comentou que há uma dificuldade muito grande para explicar para sua matriz na Alemanha que a filial brasileira precisa gastar dez vezes com pessoal na área tributária. “Na Alemanha precisam de apenas quatro pessoas, para fazer a mesma coisa que 40 fazem no Brasil”, diz.
O diretor tributário da Companhia Siderúrgica Nacional (CSN), Marcelo Martins da Fonseca, que fez o levantamento junto com Sandra, informou ainda que pelo número de filiais da empresa em todo o País, a CSN tem 360 obrigações acessórias para serem realizadas e conta com 140 profissionais dedicados apenas para atender as normas tributárias.
Segundo estudo do Departamento de Competitividade e Tecnologia (Decomtec) da Fiesp, em média, a indústria de transformação gastou o equivalente a 1,16% do faturamento em 2012 para pagar impostos. “Proporcionalmente a que mais gastou foram as pequenas. Os R$ 6 bilhões de despesas que elas tiveram em 2012, pesa mais no faturamento delas, do que a despesa de R$ 13,57 bilhões que as grandes companhias tiveram no ano”, apontou o diretor titular do departamento, José Ricardo Roriz Coelho.

 

Fernanda Bompan
Fonte: DCI – SP

Quanto o IR pesa ao investir – em especial se você for rico?

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Muitas vezes a diferença entre um investimento bem sucedido e outro nem tanto não é uma questão de arrojo, conhecimento do mercado financeiro ou “timing”. O simples planejamento tributário pode fazer muita diferença em quanto você vai ganhar no final, e os impostos pesam tanto mais quanto maior for o prazo da aplicação e o montante investido.

O exemplo mais simples é a comparação entre aplicações de renda fixa com ou sem a cobrança de imposto de renda. Com a taxa Selic no atual patamar de 9,00% ao ano, a poupança tem um rendimento líquido de 0,5% ao mês mais Taxa Referencial (TR). Considerando uma taxa de juro CDI igual à Selic e uma TR igual a zero, a poupança atual seria mais rentável que um CDB de grande banco que pagasse 85% do CDI, em qualquer circunstância.

Isso porque enquanto a poupança é isenta de imposto de renda, os rendimentos dos CDBs são taxados entre 22,5% a 15%, dependendo do prazo. No patamar atual de Selic, os CDBs precisam pagar mais que 90% do CDI para serem rentáveis em qualquer prazo.

Se a comparação for feita com um papel de renda fixa análogo ao CDB, mas isento de IR, a diferença fica ainda mais gritante. Uma Letra de Crédito Imobiliário (LCI) ou uma Letra de Crédito do Agronegócio (LCA) que pagassem 85% do CDI renderiam mais que a poupança e os CDBs de mesma remuneração em qualquer prazo. LCIs e LCAs também são emitidas por bancos, e funcionam como “CDBs isentos de IR”. Veja as diferenças na tabela:

 

 

  Poupança Alíquota de IR Quanto você teria se aplicasse R$ 1.000 na poupança CDB 85% do CDI Alíquota de IR Quanto você teria se aplicasse R$ 1.000 em CDB LCI ou LCA 85% do CDI Alíquota de IR Quanto você teria se aplicasse R$ 1.000
6 meses 3,04% Zero 1.030,38 2,74% 22,50% 1.027,36 3,73% Zero 1.035,30
12 meses 6,17% Zero 1.061,68 5,75% 20% 1.057,47 7,60% Zero 1.071,84
18 meses 9,39% Zero 1.093,93 9,05% 17,50% 1.090,48 11,62% Zero 1.109,68
25 meses (acima de dois anos) 13,28% Zero 1.132,80 13,22% 15% 1.132,18 16,50% Zero 1.155,51

Julia Wiltgen

Contabilidade: novo empreendedorismo

financesPor mais que no século 21 o conhecimento técnico para o exercício de qualquer profissão seja imprescindível, não é o bastante para o sucesso, uma realidade que se torna mais forte ainda no contexto do empreendedorismo contábil.

As tecnologias tributárias, a internacionalização das empresas no Brasil, a carência de pessoal capacitado, as mídias sociais e o acelerado crescimento do empreendedorismo na “nova classe média” criaram muitas oportunidades, mas também ameaças para aqueles que pretendem ou já desenvolvem negócios na área.

Transformações trazidas pelo Sistema Público de Escrituração Digital transcendem os conceitos tributários e fiscais. Os impactos dessa mudança na forma de prestação de contas ao fisco também vão além do simples uso de novos sistemas.
O grande desafio é processar os dados empresariais gerando informações tributárias com a velocidade e a qualidade requeridas pelo fisco. Por isso, o velho modelo de troca de dados entre empresas e organizações contábeis apresenta sinais claros de obsolescência. Custos e riscos vêm aumentando para quem ainda insiste em usar o papel como meio principal nesta interface.
Por outro lado, tal ruptura no modelo de negócios contábeis traz consigo o poder da criação de novos conceitos, processos e serviços, todos eles embarcados com um claro viés inovador e de forte base tecnológica. Afinal, nesse século a logística para a entrega do conhecimento se exprime pela tecnologia da informação, que ganha um novo caráter: a comunicação.
Na prática, surgem serviços de alto valor agregado, como auditorias de dados digitais, consultorias para seleção e implantação de sistemas de apoio à gestão, terceirização de processos e consultorias a distância etc. Até mesmo nas pequenas empresas, que são a maioria absoluta em nosso país, e cujos processos fiscais, tributários e trabalhistas hoje estão a cargo das organizações contábeis.
Boa parte desses empreendedores sequer tem noção da profundidade dos impactos do ambiente fiscal digital em que vivemos. Por isso, as oportunidades de inovação neste campo somente se concretizam com a aplicação de conceitos do “marketing de educação”.

Por meio de redes sociais, blogs, comunicados impressos e eletrônicos, palestras e outros eventos, os profissionais da contabilidade interagem com seus clientes indo além do tradicional “como fazer”, para explicar o “por quê” e o “para que”. Enfim, ensinando-os a utilizar os serviços contábeis de forma a reduzir custos e potencializar oportunidades para os seus próprios negócios. Ações como essas aumentam significativamente a percepção de valor para o trabalho dos profissionais da área contábil.
O momento apresenta condições únicas, mesmo se considerarmos os grandes desafios. O Brasil conta com 5 milhões de pequenas empresas, 3 milhões de empreendedores individuais e uma nova classe média que quer empreender. São 28 milhões de pessoas envolvidas com a atividade empreendedora ainda em estágio informal. Isso, sem falar na quantidade de negócios internacionalizados que já se estabeleceram no País. O gigantismo dos números não deixa dúvida quanto ao tamanho das oportunidades para aqueles que têm competência técnica e atitude suficientes para inovar.
Por fim, profissionais com autoridade delegada por este perfil diferenciado devem ser líderes em suas comunidades. Cientes do tamanho do desafio brasileiro para aniquilar o Dragão Burocrático, empreendedores do setor contábil assumem, cada dia mais, esse papel precursor na sociedade.

Talvez essa seja a manifestação mais tangível da responsabilidade social dos contabilistas: liderar o País rumo à competitividade e à Justiça tributária. Reduzir drasticamente a burocracia e inverter a regressividade do sistema tributário são pontos fundamentais para a geração e distribuição de renda no País.
Ademais, sem essas duas conquistas, dificilmente as pequenas empresas poderão utilizar de fato todo o ferramental gerencial que a ciência contábil tem a oferecer aos gestores. Ao mesmo tempo, empresários dos ramos mais diversos só entenderão a contabilidade como Ciência da Riqueza quando ela deixar de ser ferramenta não remunerada do fisco, como muitos se queixam.
O presente é desafiador, evidente. Mas tenho a convicção de que um novo perfil de contabilista está emergindo: mais inovador, empreendedor e responsável socialmente.

Fonte: DCI – SP

Receita deve liberar segunda-feira consulta ao 4º lote de restituições do IR

1377300031_BusinessA Receita Federal deve liberar na próxima segunda-feira (9) a consulta ao quarto lote de restituições do Imposto de Renda (IR) Pessoa Física 2013. O dinheiro será depositado no banco no próximo dia 16. A data exata para a liberação da consulta ainda está em análise, mas nada impede que seja antecipada, já que todas as declarações foram processadas, conforme informou a Receita.

Até agora, segundo o Fisco, 4.145.252 contribuintes do Imposto de Renda Pessoa Física 2013 tiveram a declaração liberada. O volume total de recursos ultrapassou R$ 5,321 bilhões.

Todos os anos são liberados sete lotes regulares. O último está previsto para 16 de dezembro. O calendário de restituição está no Ato Declaratório 3 da Receita Federal. Quem não receber a restituição deve procurar o extrato no site da Receita para verificar por que está na malha fina.

Quem identificou algum erro deve enviar uma declaração retificadora. O extrato da declaração é disponibilizado no Centro Virtual de Atendimento ao Contribuinte (e-CAC) no qual se encontram outras informações relativas ao IR.

Para utilizar o e-CAC é necessário o código de acesso gerado na própria página da Receita ou o certificado digital emitido por autoridade habilitada. Para gerar o código, o contribuinte precisará informar o número do recibo de entrega das declarações de Imposto de Renda dos dois últimos exercícios. Com o código, o contribuinte pode fazer a autorregularização caso encontre algum erro. O tamanho dos lotes depende das disponibilidades do Tesouro Nacional.

Para saber se teve a declaração liberada, o contribuinte deverá acessar a página da Receita na internet ou ligar para o Receitafone 146. A Receita disponibiliza ainda aplicativo para tablets e smarthphones que usam os sistemas operacionais Android e iOS, que facilitam a consulta.

A Receita lembra que a restituição ficará disponível no banco durante um ano. Se o contribuinte não fizer o resgate nesse prazo, deverá requerê-la por meio da internet, mediante o Formulário Eletrônico – Pedido de Pagamento de Restituição, ou diretamente no e-CAC, no serviço Declaração IRPF.

Caso o valor não seja creditado, o contribuinte poderá procurar pessoalmente qualquer agência do Banco do Brasil ou ligar para a Central de Atendimento nos telefones 4004-0001 (capitais), 0800-729-0001 (demais localidades) e 0800-729-0088 (atendimento exclusivo para deficientes auditivos), para agendar o crédito em conta-corrente ou poupança, em seu nome, em qualquer banco.

Sonegação presumida

1371494054_PaperMoneyCoincidência ou não, em meio ao chamado clamor das ruas, voltou a ser alvo de debates na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) o Projeto de Lei 99/2009, do senador Cristovam Buarque (PDT-DF).  De acordo com o PLS, as declarações de Imposto de Renda da Pessoa Física dos integrantes do Poder Legislativo, chefes do Executivo, ministros, bem como os membros do Judiciário e ordenadores de despesas em todos os órgãos da administração pública, obrigatoriamente deverão ser analisadas pelo critério “malha fina”.

A favor do Projeto argumenta-se que o monitoramento constante da variação patrimonial e da renda das autoridades públicas poderia antecipar a descoberta de muitas irregularidades. Uma argumentação bastante razoável,  convenhamos.  Pesa contra o PLS, porém, parecer aprovado pela Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania (CCJ), em abril de 2010, assinado pelo senador Francisco Dornelles (PP-RJ).

Segundo o parlamentar – que já foi ministro da Fazenda – o projeto “está inquinado de vício irremovível”, pois considera os agentes públicos suspeitos a priori, configurando com isto uma situação de “indevido tratamento discriminatório”. Seria ainda uma afronta à própria Constituição Federal, que proíbe o tratamento desigual entre contribuintes em situação equivalente.

Já o senador Eduardo Suplicy (PT-SP), em relatório recém-apresentado à CAE, tenta fortalecer o Projeto alegando que “a proposição não parte do princípio de que todo ocupante de mandato eletivo seja um infrator em potencial, mas sim da tese de que todo cidadão imbuído de tamanha responsabilidade deveria se submeter a rigores maiores por parte da fiscalização.

Enquanto isso, no Brasil produtivo, as empresas submetem-se diariamente a cerca de 1.500 declarações, demonstrações, livros, notas fiscais eletrônicas e outras exigências das administrações tributárias de União, Estados e municípios.  Na prática, isso significa que todas são monitoradas dia e noite pelo Fisco.  Certamente, vale a pergunta: se 8 milhões de empreendedores já estão sob o olhar atento do Big Brother Fiscal, por qual razão deveríamos excluir os agentes públicos desse monitoramento?

Com tantas obrigações tributárias de caráter fiscalizatório, há muito tempo as empresas têm presumida pelo fisco sua condição de sonegadoras. Então, por que não propor o fim de tanta burocracia tributária?  Pelo menos as micro e pequenas bem que poderiam ser poupadas de boa parte das muitas obrigações acessórias que hoje têm pela frente.

Além disso, toda essa complicação representa um dos mais antigos entraves ao desenvolvimento do empreendedorismo e, por conseguinte, do próprio progresso de um país como o nosso, que urgentemente precisa voltar a crescer.

Retificações do IR em 2013 crescem mais do que o número de contribuintes

1377300031_BusinessPelo menos 1,78 milhão de contribuintes entregaram a declaração retificadora do Imposto de Renda 2013 (ano-calendário 2012) até a última terça-feira (20), segundo informou ao iG o coordenador nacional do Imposto de Renda (IR) na Receita Federal, Joaquim Adir. O documento corrige informações e complementa o que faltou na declaração anterior.

O número dos que retificaram este ano até 30 de abril (1,06 milhão) – data final da entrega ao Fisco –, foi 5% maior que no ano passado, e 19% superior a 2011. O crescimento das retificações até o prazo estipulado pela Receita foi até maior que o aumento no número de contribuintes este ano: subiu 3% em relação a 2012, de 25,2 milhões para 26,03 milhões.

Já o total de retificações feitas em 2012 (2,65 milhões) cresceu 20% ante o ano anterior (2,20 milhões). O recurso é bastante empregado por quem deixou para a última hora a entrega do documento. Até as 23h59 de 30 de abril, foi possível enviar a declaração incompleta, com erros ou até em branco, para fugir da multa de R$ 165,74, valor aplicado para quem entrega a declaração com atraso.

Ano Retificações até o prazo Retificações após o prazo Total
2010 932 mil 1,161 milhão 2,093 milhões
2011 892 mil 1,313 milhão 2,205 milhões
2012 1,007 milhão 1,649 milhão 2,656 milhões
2013* 1,063 milhão 719 mil 1,782 milhão

* Até 20/08/2013

Fonte: Receita Federal